Caso não é frequente no estado do Rio, principalmente nesta época do ano, e será estudado por meteorologistas
O verão ainda não começou, mas temporais já têm causado fenômenos que intrigam meteorologistas. Na segunda-feira, o estado do Rio de Janeiro foi atingido por supercélulas, nuvens raras que geram ventos fortes, granizo e, ocasionalmente, tornados. O fenômeno é pouco comum na região e na época, segundo Ernani Nascimento, especialista em tempo severo e professor de meteorologia da Universidade Federal de Santa Maria (RS). Embora não seja possível atribuir o evento às mudanças climáticas, ele será estudado por ser incomum.
— Certamente esse caso será estudado, chamou bastante a atenção dos meteorologistas — diz.
As supercélulas são nuvens gigantes com rotação, apresentando uma aparência de disco voador e base escura, carregada de água. Formadas por uma única nuvem principal, podem agrupar outras menores. São tempestades convectivas intensas e destrutivas, mas, desta vez, deslocaram-se rapidamente, causando menos transtornos. Ainda assim, uma pessoa morreu em Maricá devido à queda de uma árvore de Natal.
Nascimento explica que as supercélulas dependem de condições raras: umidade, instabilidade e cisalhamento vertical do vento, que cria um mesociclone, o “motor” que mantém a rotação e prolonga a tempestade. O mesociclone organiza correntes de ar, separando fluxos quente e frio, alimentando a tempestade e aumentando a sua força.
O Rio de Janeiro, na transição entre zonas tropicais e subtropicais, combina umidade e instabilidade, mas o cisalhamento é raro. Esse fenômeno é mais comum em latitudes médias, como no Sul do Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai. No entanto, condições como as de segunda-feira podem ocorrer ocasionalmente e já haviam sido parcialmente previstas pelos meteorologistas.
Com informações de: O Globo
