Matéria escrita por: Liandra Nogueira – Estagiária de Jornalismo
Revisada por: Kleber Santos
Antonio Gonçalves Teixeira e Sousa (1812-1861) é um nome importante para a literatura brasileira. Autor de O filho do pescador (1843), ele é reconhecido como o primeiro romancista brasileiro. Embora sua obra tenha sido criticada por deficiências estilísticas, seu papel na construção da literatura nacional é inegável.
Origens e Trajetória
Nascido em Capivari (atual Silva Jardim), na região de Cabo Frio, Teixeira e Sousa era filho de uma mulher negra e um português. Desde cedo, enfrentou dificuldades: perdeu a mãe ainda jovem e viu a família se desfazer devido a problemas financeiros. Em 1824, foi levado pelo pai a uma procissão em São Pedro da Aldeia antes de ser enviado ao Rio de Janeiro, onde tentaria construir uma nova vida.
Anos depois, retornou a Cabo Frio tuberculoso e recebeu apoio do cirurgião Inácio Cardoso da Silva, que lhe ofereceu abrigo. Foi nesse período que ele começou a escrever seus primeiros textos literários. Em 1840, voltou ao Rio de Janeiro e encontrou em Paula Brito, editor e tipógrafo, um grande amigo e incentivador. Brito publicou a maior parte de suas obras e os dois mantiveram uma amizade tão próxima que faleceram com apenas duas semanas de diferença.
Obra e Legado
Ao longo de 16 anos de atividade literária, Teixeira e Sousa publicou seis romances, três livros de poesia, três peças de teatro e outros textos. Casado e com seis filhos, ele buscou estabilidade financeira e conseguiu cargos como professor e escrivão na Justiça.
Seus escritos abordam temas como a desigualdade social, a violência institucionalizada e a luta contra a escravidão. Em O filho do pescador, destaca a figura do negro como sujeito universal, rompendo com a visão predominante da época. O romance também retrata aspectos do cotidiano da sociedade carioca, incluindo a música popular e as festas familiares, algo que mais tarde foi analisado pelo historiador José Ramos Tinhorão.
A influência do romantismo está presente em sua valorização da natureza, que muitas vezes ganha papel central em suas narrativas. Em A providência (1854), seu último romance, ele reforça a ideia de que a mudança é uma lei natural e necessária, antecipando um conceito moderno dentro da literatura nacional.
A Importância de Teixeira e Sousa
Apesar das críticas ao seu estilo, Teixeira e Sousa foi um dos primeiros escritores brasileiros a refletir sobre a liberdade e a condição dos negros no Brasil Império. Seu legado permanece vivo na literatura brasileira, sendo um dos pioneiros na construção de uma identidade nacional para o romance.
O reconhecimento de sua obra segue crescendo, com estudiosos revisitando seu trabalho e resgatando sua importância para a história literária do país.
Fonte: https://www.bpp.pr.gov.br/Candido/Noticia/ARTIGO-Teixeira-e-Sousa-e-seu-tempo
