Matéria escrita por: Liandra Nogueira – Estagiária de Jornalismo
Revisada por: Kleber Santos
O Museu de Arte Religiosa e Tradicional (Mart), fica no antigo convento Nossa Senhora dos Anjos, no bairro do Itajuru, em Cabo Frio.

O convento, que hoje é tombado pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, (Iphan) funciona como um museu e não tem mais celebrações religiosas na sua parte principal. Apenas na parte lateral na capela pertencente à terceira ordem franciscana.
A construção franciscana do século XVII tem mais de 330 anos desde o lançamento da pedra fundamental em 02 de agosto de 1686, dia de Nossa Senhora dos Anjos. O convento em si foi inaugurado apenas em 13 de janeiro de 1696, 10 anos depois do lançamento da pedra fundamental.
Os franciscanos eram amantes da natureza e aproveitavam que o convento ficava aos pés do morro do Itajuru, hoje Morro da Guia, e sempre faziam incursões para aproveitarem a vista panorâmica da cidade de Cabo Frio.
No século XVIII, houve um aumento no número de franciscanos no convento. Na primeira metade do século XIX, ainda ocorreram obras de melhoria das estruturas.
No inicio dos anos 1800, as dificuldades começaram. O número de frades diminuiu e o dinheiro também. Além de que os franciscanos também começaram a perder os terrenos que, originalmente, compunham o entorno.
Em 1872, com o falecimento do Frei Vitorino de S. Felicidade, o último frade a ocupar o convento, o local ficou desabitado. Como consequência, bens móveis e integrados foram perdidos e algumas áreas construídas foram suprimidas.

Áreas perdidas do Convento na primeira metade do séc. XX. Convento de Nossa Senhora dos Anjos. (1940)
Fotografia: Wolney Teixeira.
Crédito da Imagem: Acervo Wolney Teixeira/ Acervo do Escritório Técnico da Região dos Lagos- Iphan RJ (imagem digitalizada).
Em 1957, o Convento de Nossa Senhora dos Anjos foi preservado como patrimônio nacional, inscrito no Livro do Tombo das Belas Artes do Iphan. A partir daí, o órgão federal realizou uma série de ações para a manutenção de sua estrutura, com base em relatos encaminhados pelos moradores de Cabo Frio e os técnicos do Iphan sugeriram a instalação de um “pequeno museu regional” de arte sacra nas ruínas, como forma de preservar o antigo Convento por monitoramento contínuo.
A diretora do Mart, a Carla Renata Gomes, falou sobre a importância do Museu na comunidade.
O Mart está e um espaço histórico, como vocês trabalham para preservar esse patrimônio?
“[..] Então a educação é museal patrimonial, é aquela que informa a comunidade de por que esse monumento é importante, por que que essa identificação de 329 anos? Ela, faz parte da história da comunidade e da história do Brasil por consequência. […] Então, nós atuamos nesse sentido.”
Quais são os principais desafios de manter um Museu como esse acessível?
“Uma das principais dificuldades são nas questões é orçamentária, né? O orçamento para a cultura, ele normalmente é um orçamento, é pequeno para as nossas necessidades. Então nós sempre trabalhamos aqui como a equipe tentando contornar e minimizar as possíveis ocorrências. Então, esse trabalho de supervisão que eu te falei, que toda a equipe está preparada para informar, ela traz para a área técnica que no caso é a museóloga. E eu, né. Recebemos essas informações e tratamos de acionar as nossas unidades superiores. Para que a gente consiga é obter os recursos para fazer as intervenções. O que as pessoas normalmente não sabem na comunidade é que essas coisas há para além de depender do orçamento, que é pequeno, também depende de uma série de etapas que a gente tem que cumprir. Essas etapas às vezes são demoradas. Então a gente tem que é encontrar um problema depois contratar. E esse contrato de serviços é um contrato muitas vezes demorado, porque demanda pessoas que façam toda uma elaboração de conjunto documental, que não é simples, né? Então a gente tem que fazer é se abrir um processo para essa contratação. Se contrata um laudo de diagnóstico, para que nos Oriente o como é que vai ser contratado. Depois disso se faz uma outra contratação da obra em si ou a do serviço necessário.
Além das exposições, quais são as atividades que o Mart oferece pra comunidade?
Então nós temos duas situações de eventos durante o ano que são do calendário permanente. Que é a Semana de Museus, em maio, e a primavera de museus, em setembro. Nesses dois momentos, O Mart promove uma série de atividades que correspondam. As temáticas que esses eventos trazem. Então, ou estabelece diálogos com as exposições que já temos, rodas de conversa, teatro, música. São atividades que normalmente a comunidade nos procura, inscreve vai no nosso formulário que tem no nosso site, inscreve a sua atividade, nós colocamos no cronograma para essas 2 atividades específicas que estão constantes ali, porque são para todos os museus e Ibran, e fora isso esse calendário ele continua vigente. Um ano inteiro. Então as pessoas vão no formulário, inscreve a sua atividade e nós vamos colocando no calendário e oferecendo essas atividades durante o ano.
A gente depende muito da comunidade e nesse sentido, a gente não tem o que reclamar. A comunidade nos procura muito, né, para realizar suas atividades. A gente tem atividades no Jardim. Ele é muito utilizado pelos estudantes, inclusive, não só aqueles que são trazidos pelas escolas, mas os estudantes de ensino médio, fundamental, que vem pra cá, sentam no Jardim, estudam aqui e fazem lanche, piquenique…
Também conversamos com o assessor do mart, o Carlos Henrique, e ele nos cintou um pouco sobre o público.
O Mart recebe muitos visitantes? Há algum público específico que se interessa mais pelo espaço?
“O Mart, ele busca alcançar todos os públicos possíveis. Ele recebe uma série de visitantes, tanto escolares quanto de grupos acadêmicos, técnicos. Mas recebemos também turistas, visitantes de grupos de passeios de todas as nossas regiões, tanto do estado do Rio quanto do país e até visitantes internacionais. Estamos numa cidade turística, então Cabo Frio recebe muitos argentinos, por exemplo, e todos esses públicos são alcançados pela gente, pelo nosso trabalho, que é difundir o nosso património, a história do património e a sua memória.
O que você iria pra quem não conhece o Mart? O que que faz a pessoa querer visitar?
Acho que estão sendo assim muito direto, estão perdendo uma oportunidade muito única, né? Esse patrimônio, ele faz parte da memória aqui da nossa cidade. Ele é um dos principais, ouso dizer, o principal cartão postal, porque ele está bem no centro da cidade, está em destaque. É um grande monumento que tem até uma memória afetiva com os mais antigos da cidade, então. Hoje o Mart ele promove uma série de atividades e ações educacionais culturais para tentar atrair o máximo possível e fazer com que as pessoas venham até aqui. A gente recebe relatos constantes de pessoas que moram na cidade há 50 e 40 anos e chegam aqui e falam, “Nossa, eu não conhecia esse lugar.” Porque de fato, falta mais sinalizações, mais indicações.
Existem planos para mais exposições? ou projetos culturais no museu nos próximos meses?
A gente já tem exposições temporárias, a serem executadas aqui no mart a gente acolhe exposições de curta duração, que duram em torno de 1 mês, um mês e meio, e de média duração que duram aí 1 ano. Então a gente tem essa rotatividade e paralelamente a isso, nós temos uma série de atividades. De ações culturais e educacionais que acontecem também junto a isso. Nosso calendário esse ano já está bem grande, bem movimentado. A gente vai divulgando ao longo do desses períodos, né? Nas nossas redes sociais, nossos meios de comunicação e a gente está sempre buscando promover e alcançar o máximo possível das pessoas, das escolas e todos os públicos que a gente que aqui vem.
O Mart fica aberto de terça á sexta das 10h as 17h e sábados das 10h as 14h. Você não pode perder!
