Faltando menos de 15 dias para o feriadão da Páscoa, quem busca pelos ovos de chocolate, tradicional presente desse período, está levando um susto com os preços nada adocicados, que, dependendo da marca e tamanho, chegam aos três dígitos.
Com ovos chegando até os R$ 100, algumas lojas já oferecem inclusive a opção de parcelamento das compras. “É inviável comprar um ovo de Páscoa por R$ 100, recebendo um salário mínimo”, diz a estudante e estagiária Isabella Pereira, que, neste ano, vai optar pelo mercado de ovos artesanais.
Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o aumento do custo do cacau em nível mundial — de cerca de 180% em dois anos —, está refletindo no valor dos produtos para a Páscoa e para a produção permanente do setor. A alta da fruta se concentrou no segundo semestre do ano passado, em decorrência da quebra de safra nos grandes produtores africanos. A instabilidade no setor deve se manter também nesta temporada, com o maior produtor, Costa do Marfim, ainda enfrentando impacto significativo de ondas de calor e da seca.
Segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), os preços dos ovos de chocolate e produtos relacionados (bombons, miniovos, coelhos e barras) tiveram aumento médio de 14%, e as colombas ficaram 5% mais caras neste ano. Para lidar com o aumento de custos, o setor usa como estratégia a diversificação de portfólio, com produtos menores e mais variados.
No entanto, de acordo com levantamento divulgado pela Associação dos Supermercados do Estado do Rio (Asserj), mesmo com o aumento dos preços, o consumo de chocolate na Páscoa deste ano não deve recuar, mesmo que a previsão seja conservadora. A entidade aponta que o consumidor brasileiro continua buscando alternativas para equilibrar o orçamento, replicando o comportamento de 2024, quando apostou em formatos mais econômicos, como barras, caixas de bombons.
Em 2024, o volume de compras de chocolate nos meses de março e abril cresceu 15% em relação a 2023, impulsionado principalmente por barras (22,5%) e caixas de variedades (45,3%). As caixas de chocolates representaram mais de 50% do volume de produtos presenteados no feriado, enquanto os ovos de Páscoa tiveram queda de participação, de 20% em 2023 para 12,6% em 2024.
