Escrita por: Liandra Nogueira
Revisada por: Kleber Santos
Em 1922, nos céus de Cabo Frio, uma parte da história da aviação acontecia. Um hidroavião com dois pilotos portugueses sobrevoava o céu cabofriense rumo à capital onde iria terminar uma viagem inédita.
Apenas 16 anos após o primeiro voo do 14 bis por Santos Dumont em Paris, Sacadura Cabral e Gago Coutinho, um aviador e um geógrafo, sobrevoaram o céu da cidade de Cabo Frio em 17 de junho de 1922 após o primeiro cruzamento do atlântico em um avião e passarem por diversas cidades do Litoral Brasileiro.
A aventura pioneira na aviação foi um tanto quanto arriscada; com muitos riscos de morte, envolveu a marinha do Brasil e de Portugal na proteção dos pilotos e ainda envolveu outros barcos no meio do caminho como um navio de carga Inglês que saiu da rota depois de um pedido da marinha portuguesa e salvou os pilotos da morte após uma queda do avião.
O historiador Elísio Gomes Filho, natural do Rio de Janeiro e pós graduado em história do Brasil escreveu um livro contando essa história chamado “Sacadura Cabral: Muito além dos oceanos” que conta a história do aviador desde o voo sobre o atlântico até a sua morte no Mar do Norte, no Canal da Mancha.

Sacadura Cabral (esquerda) e Gago Coutinho (direita)
O que despertou o interesse na figura do Sacadura Cabral?
Eu, desde garoto escutava as pessoas antigas dos moradores aqui da de Cabo Frio que foi um evento marcante. Foi a passagem do hidroavião, sobre a cidade em na data de 17 de junho 1922, eles passaram aqui, sobrevoaram. O povo local aqui acenaram pra eles Sacadura Cabral e Gago Coutinho com lenços. E eles sobrevoaram a cidade saudando o povo local e seguiram para o Rio de Janeiro, aonde completou a primeira travessia aérea do Atlântico sul, uma viagem pioneira até então. Nunca nenhum avião saiu da Europa para cá, para o Brasil.
[…] antes as pessoas vinham ou iam para a Europa só através de navios. E com o tempo começou os aviões a substituir os navios no transporte de correspondência, e depois do transporte de passageiros, porque o avião não demorava muito, né?
Quais foram os maiores desafios na pesquisa?
Maior desafio? Foi conseguiu publicar esse livro em Portugal! E esse livro hoje está sendo vendido no território português através de várias livrarias. Muito me orgulho aí de saber disso. Eu tô tendo, através do livro “Sacadura Cabral, muito além dos oceanos”. Essa penetração dentro de Portugal, com a visão de um descendente de português nascido no Brasil, a respeito dessa façanha que foi a primeira travessia aérea do Atlântico sul, realizada em 1922. Foram mais de 8000 km Percorridos.
Passaram pelo risco de morrerem. Nem toda a viagem eles conseguiram completar com o avião. Só então eles tiveram que usar o segundo, o segundo que eles usaram, caiu no mar e eles ficaram perdidos. Foi um navio inglês, que na ocasião, achou eles e resgatou quase com quase um navio afundando e com tubarões cercando o aparelho.
Aí o governo português enviou outro avião, que é o Santa Cruz, que até hoje existe. Está em exposição no museu da marinha, em Lisboa, e foi com esse e do avião que eles completaram a viagem. E foi com essa dentro do avião que eles passaram, que era um avião branco, com a que tinha a cruz Portuguesa na carenagem do avião.

Hidroavião Infante Sagres comprado por Sacadura em 1926
Foi com esse avião, o terceiro que eles completaram a viagem em 17 de junho de 1922. Então, voltando aquela pergunta que você me fez, isso marcou as pessoas na época. Primeiro. Foi a primeira viagem. Centro de avião da Europa para cá. E foi no ano em que o Brasil fazia 100 anos de independência da metrópoles portuguesa.
Como que nessa época eles faziam para chamar por ajuda?
Os navios que estavam dando apoio viram que eles não apareceram, aí eles acharam que tinham caído. E aí, o navio português de guerra emitiu um pedido a todos os navios da área para participar da busca deles, esse navio inglês que resgatou ele é um navio cargueiro que saiu da rota para procurar. A história da primeira travessia aérea do Atlântico sul ia acabar em tragédia. Por que foi a decisão do Capitão inglês de mudar a rota dele para ajudar a procura que achou o avião.
O que você espera que os leitores levem da leitura?
Esse livro foi lançado no final de 2024, exatamente no mês em que Sacadura faleceu. Ele tava trazendo os aviões em 1924 da Holanda, que comprado lá, no que ele queria fazer a primeira travessia em torno do mundo. Ele estava com esse objetivo, ele não teve apoio. Ele tanto que queria trazer esses aviões dentro do navio português da porque ele parece que ele pressentiu alguma coisa e já tinha trazido um avião. E sugeriu ao governo e ao ministro da marinha na época que os outros viessem embarcado, e foi rejeitado essa ideia. Então ele com a equipe dele trouxe o restante dos aviões. Só que ele caiu no Mar do Norte, ele e o companheiro dele. E ele morreu.
Esse livro conta essa história, tanto da primeira travessia aérea do Atlântico do sul, em 1922, quando eles passaram aqui (em Cabo Frio). Como todo empenho dele de fazer a circum-navegação aérea. No Globo terrestre, através de aviões, só que o destino foi trágico. E trazendo um desses aviões da Holanda para Lisboa, caiu no mar, no mar do norte. Precisamente no canal. Que existe entre a França e a Inglaterra.
O livro ainda não está disponível para compra no Brasil.

Capa do Livro

Imagem comemorativa da primeira travessia do Atlântico Sul
