Uma baleia-franca, acompanhada do filhote, foi avistada, nesta segunda-feira (21), em Arraial do Cabo. A primeira baleia-franca da temporada foi registrada na sexta-feira passada (18), interagindo com baleias-jubarte, mais comuns do litoral fluminense.
Desta vez, a baleia-franca foi avistada sozinha, na presença do filhote.
Esse avistamento reforça a tese de pesquisadores de que a orla do Rio de Janeiro está voltando a ser uma área de reprodução dessas espécies.
“As baleias jubarte estão voltando a se recuperar populacionalmente e reocupando antigas áreas de distribuição que ocupavam no passado, e o Rio de Janeiro é uma dessas áreas”, explicou a bióloga Liliane Lodi, do Projeto Baleia Jubarte.
“A presença de filhotes muito pequenos e de grupos reprodutivos pode ser um indício de que, daqui a alguns anos, o Rio também se transforme numa área de reprodução e cria”, celebrou a bióloga.
A presença desses animais no litoral fluminense tem aumentado ano após ano. A temporada de migração das jubartes vai de junho a outubro, quando elas deixam as águas geladas da Antártida em direção ao litoral brasileiro, especialmente à região de Abrolhos, no sul da Bahia — principal berçário da espécie.
Caça afastou animais
A história das jubartes no Rio remonta ao século XVIII, quando a Pedra do Arpoador era usada como ponto de observação para a caça de baleias com arpões.
A prática foi proibida em 1987, e, desde então, os cetáceos têm retornado ao litoral, agora sem ameaças.
Além das baleias e golfinhos, pinguins vindos da Patagônia também têm sido avistados em diversas praias do estado.
Só neste mês, foram registrados em Búzios, Arraial do Cabo, Angra dos Reis e em pontos da capital como Leme, São Conrado e Praia da Reserva.
Do alvo à proteção
Durante séculos, o litoral do Rio de Janeiro foi um dos principais centros de caça às baleias no Brasil, com destaque para as espécies jubarte e franca.
A prática, que começou no período colonial, visava a extração de óleo, ossos e barbatanas, e se intensificou com o uso de tecnologias industriais no século XX. O impacto foi devastador: populações inteiras foram quase extintas.
A virada começou com a proibição da caça à baleia-azul em 1967 e se consolidou com a Lei nº 7.643, de 1987, que protege todos os cetáceos no Brasil.
Desde então, o litoral fluminense passou de cenário de exploração para refúgio. Atualmente, com a recuperação das populações, as baleias voltam a cruzar a costa do Rio, agora como símbolo de conservação e atração para o turismo e a educação ambiental.
