Corpos dos dois policiais militares que morreram na megaoperação da última terça nos complexos do Alemão e da Penha estão sendo velados na manhã desta quinta-feira (30) na sede do Batalhão de Operações Especiais (Bope).
Cleiton Serafim Gonçalves, de 40 anos e Heber Carvalho da Fonseca, de 39, eram sargentos do Bope. Cleiton deixa esposa e filhos e Heber esposa e uma filha.
O sepultamento do sargento Heber Carvalho da Fonseca será às 11h, no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap. E o do sargento Cleiton Serafim Gonçalves será às 16h30, no Cemitério Municipal de Mendes.
Além dos dois sargentos, também morreram na operação dois policiais civis. Marcus Vinicius Cardoso foi enterrado no Cemitério da Cacuia, na Ilha do Governador e Rodrigo Cabral no Memorial do Rio, em Cordovil.
Rodrigo tinha menos de dois meses de polícia. Estava lotado na 39ª DP (Pavuna), delegacia responsável por atuar numa das áreas mais violentas do Rio: os complexos do Chapadão e da Pedreira.
De acordo com a Polícia Civil, Máskara e Cabral foram atingidos durante a chegada das equipes do Complexo do Alemão. Ao todo, 121 pessoas morreram durante a operação. Segundo o governo do estado, fora os policiais, todos os outros eram criminosos.
IDENTIFICAÇÃO: Mais da metade dos corpos dos 117 suspeitos mortos na megaoperação policial nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio, na terça-feira (28), já passou por necropsia e começou a ser identificada no Instituto Médico-Legal (IML) Afrânio Peixoto, no Centro do Rio.
Os corpos já periciados já começaram a ser liberados para a retirada das famílias. Como alguns dos mortos seriam de outros estados, o IML solicitou acesso a bancos de dados de fora do Rio para cruzar informações e confirmar identidades.
A ação, batizada de Operação Contenção, é considerada a mais letal da história do estado, com 121 mortos confirmados, sendo 4 policiais civis e militares.
Desde as primeiras horas da manhã desta quinta-feira (30), o IML registra movimentação de familiares em busca de informações sobre desaparecidos. Um posto do Detran-RJ, ao lado do IML, foi disponibilizado para acolher e realizar o atendimento aos parentes das vítimas. Ao todo, 117 corpos estão sendo periciados no local.
À tarde, representantes da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, da Defensoria Pública e de outros órgãos devem visitar o IML para acompanhar os trabalhos de perícia e identificação.
Técnicos do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) também estão realizando perícias independentes nos corpos, em meio às denúncias de possíveis execuções e outras irregularidades.
O procurador-geral de Justiça do estado, Antônio José Campos Moreira, afirmou nesta quarta (29), durante coletiva de imprensa, que o acesso e a checagem das imagens são parte essencial da apuração sobre as mortes ocorridas durante a ação.
O pedido ocorre após o secretário da Polícia Militar, coronel Marcelo de Menezes, reconhecer que parte dos registros pode ter sido perdida devido à duração limitada das baterias dos equipamentos.
Ação mais letal no RJ
A operação, que envolveu 2.500 agentes das polícias Civil e Militar, tinha como objetivo desarticular o Comando Vermelho e cumprir cerca de 100 mandados de prisão e 150 de busca e apreensão.
A ofensiva resultou em confrontos intensos, especialmente na Serra da Misericórdia, onde dezenas de corpos foram encontrados por moradores e levados até a Praça São Lucas, no Complexo da Penha, para facilitar o reconhecimento.
Moradores relatam cenas de horror. “Eu moro aqui há 58 anos. Nunca vi isso. Vai ser difícil esquecer. Essa cena aqui pra mim foi trágica”, disse uma moradora. Outro comparou o cenário a uma catástrofe natural: “A cidade tá igual tragédia, como quando tem tsunami, terremoto, com corpo espalhado em cima do outro”.
Um morador da Vila Cruzeiro afirmou: “Na grande realidade, isso aqui é algo estarrecedor. Tô chocado. Nunca vi isso aqui na minha vida. O que a Vila Cruzeiro precisa é de educação”.
Mesmo quem não perdeu familiares diretamente sente o impacto da tragédia. “Não é um dos meus que tá ali, mas eu sou mãe. Sei o que cada um tá passando, porque também já tive uma perda”, desabafou uma mulher que acompanhava o mutirão.
A Polícia Civil informou que o acesso ao IML está restrito à corporação e ao Ministério Público. Casos sem relação com a operação estão sendo encaminhados ao IML de Niterói. A liberação dos corpos ainda não tem previsão para ser concluída.


 
			 
			
 
                                 
                              
		 
		 
		