A situação da Cabana dos Pescadores, no Peró, em Cabo Frio, voltou a gerar preocupação depois que o empresário do setor de turismo Diogo Manhães divulgou um vídeo nas redes sociais denunciando o estado de conservação do local. Construída em 1940 por pescadores, a cabana — que já foi cenário de novelas da TV Globo e escapou da demolição após ser tombada como patrimônio histórico — apresenta danos estruturais que podem colocar visitantes em risco.
Segundo Diogo, a falta de manutenção deixou tábuas soltas e buracos no deck, além de desgaste nas estruturas de sustentação. Ele alerta que o acesso deveria ser interditado para evitar acidentes, especialmente com a proximidade do Réveillon, quando o Peró deve receber milhares de turistas.
Impasse judicial segue sem solução
Enquanto as denúncias de abandono crescem, o destino da Cabana do Pescador continua indefinido na Justiça. Após o prazo de 30 dias concedido em audiência pública para que a Prefeitura de Cabo Frio apresentasse propostas de uso sustentável, o único projeto enviado esbarrou em restrições do Ministério Público Federal (MPF).
O município sugeriu transformar o espaço em um pequeno museu, com bar e instalação de banheiro — ideia rejeitada pelo MPF, que considera inadequada a construção de estruturas que impactem a área de preservação ambiental onde a cabana está localizada. O órgão defende que o uso seja restrito a atividades culturais de baixo impacto e que eventuais receitas beneficiem a família que reivindica propriedade sobre o imóvel.
A cabana, tombada desde 2023, já havia escapado da demolição determinada pela Justiça Federal em 2022, após ação do próprio MPF alegar ocupação irregular em área da União, em terreno da Marinha do Brasil.
Prefeitura diz ter cumprido exigências
Em nota atualizada, a Prefeitura de Cabo Frio afirma ter cumprido o compromisso firmado na audiência pública, apresentando um projeto de revitalização e aproveitamento turístico da Cabana do Pescador. O documento, elaborado pelas Secretarias de Turismo e Meio Ambiente, segue critérios de sustentabilidade e já foi encaminhado para análise dos órgãos ambientais.
O governo municipal reforça que o imóvel não possui energia elétrica por estar em área sensível e lembra que o local ficou nacionalmente conhecido como “Casa do Tufão”, cenário da novela Avenida Brasil.
Aguardando definições
Apesar da promessa de dois projetos de uso sustentável anunciados pelo prefeito Dr. Serginho em fevereiro, a prefeitura ainda não esclareceu o que foi efetivamente apresentado além do documento já juntado ao processo. Também não há previsão para que Justiça, MPF e órgãos ambientais definam o futuro da cabana.
Enquanto isso, o patrimônio segue aberto a visitantes — e, segundo as denúncias, em condições estruturais que preocupam moradores, turistas e empresários do setor.

