Um homem que se identificou como funcionário de uma escola municipal de Maricá publicou um vídeo nas redes sociais nesta quinta-feira (25), dia de Natal, acusando a Prefeitura de Cabo Frio de ter deixado três pessoas em situação de rua nas proximidades de uma unidade escolar no distrito de Jaconé. Segundo o relato, o desembarque teria ocorrido por volta das 16h30 e envolvido um veículo oficial do município da Região dos Lagos.
No vídeo, o autor da denúncia afirma que câmeras do sistema de monitoramento teriam registrado a chegada do veículo e o momento em que as pessoas foram deixadas no local. As imagens, no entanto, não foram divulgadas até o momento.
O portal Manchete Lagos informou que entrou em contato com as prefeituras de Cabo Frio e de Maricá para solicitar esclarecimentos sobre o caso e aguarda posicionamento oficial.

A denúncia ocorre em meio a um histórico recente de controvérsias envolvendo Cabo Frio e o deslocamento de pessoas em situação de rua para outros municípios. Em abril deste ano, a Prefeitura de Linhares, no Norte do Espírito Santo, confirmou que 12 pessoas em situação de rua chegaram à cidade em um micro-ônibus fretado pela Prefeitura de Cabo Frio, após uma viagem de cerca de 12 horas. Parte do grupo relatou ter recebido promessa de trabalho na colheita de café, o que foi posteriormente negado pela administração municipal fluminense.
Na ocasião, seis dessas pessoas optaram por retornar ao Rio de Janeiro, enquanto outras permaneceram em Linhares sob acompanhamento da rede de assistência social. O retorno foi feito após acordo entre os Ministérios Públicos do Espírito Santo e do Rio de Janeiro, com o envio de um novo veículo acompanhado por profissionais da assistência social de Cabo Frio.
O episódio teve repercussão estadual e nacional. A Defensoria Pública do Rio de Janeiro criticou a iniciativa, classificando o envio como uma tentativa de “higienização” urbana, e ressaltou que o transporte de pessoas em situação de vulnerabilidade só pode ocorrer com garantias claras de acolhimento no destino. A Polícia Civil do Espírito Santo também abriu apuração e ouviu os 12 envolvidos, que apresentaram relatos semelhantes sobre o ocorrido.
Em nota divulgada à época, a Prefeitura de Cabo Frio afirmou que o deslocamento foi feito de forma legal, mediante solicitação voluntária dos atendidos da Casa de Passagem, e negou qualquer promessa de emprego ou moradia. Segundo o município, todos assinaram autorizações formais para o deslocamento.
Até a última atualização desta reportagem, não havia confirmação oficial sobre a denúncia envolvendo Jaconé, nem esclarecimentos sobre a origem do veículo citado no vídeo. O caso segue aguardando manifestação das administrações municipais envolvidas.

